sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Lengalenga do pai magalinha

Fingi que morri para ver qual de mim mais gostava,
e vi que minha mulher com minha sogra cantava e dançava...
Bate a porta o armador, que vem trazer o caixão
e elas num grito de dor desempenham um papelão...

E toca a vestir o morto, o casaco era apertado,
tinha sido comprado a um morto já falecido,
lá para o lado do carvalhido.
Mas minha sogra pega e zás,
pensou bem e de repente descoseu o casaco atrás,
para abotoar bem á frente.

O Armador foi-se embora e minha sogra cantava e dançava...
o que se leva desta vida é o que se come, o que se brinca ai...ai...
E só se foram deitar depois de terem despejado um valente garrafão.

Eu então muito zangado
pior que um gato assanhado,
saltei fora do caixão,
mas antes escrevi um cartão
que à minha sogra dizia assim

"Querida sogra és bestial,
para cantar e para sambar,
bom, mas para não estar a cheirar mal, 
o morto foi passear
e não volta mais aqui,
já vi bem o que isto é...
Guarda lá o caixão para ti...
que, eu morrendo, vou a pé.
  
 

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